Crítica – O Último Caçador de Bruxas

4 min


[SEM SPOILERS]

Sinopse: Após ser amaldiçoado com a vida eterna ao matar a Rainha das Bruxas na Idade Média, Klauder (Vin Diesel) passa os séculos atrás de bruxas que estejam usando o seus poderes para o mal. Klauder é sempre auxiliado por um Dolan, um padre iniciado nos segredos do ocultismo que é trocado sempre que o antecessor morre. O atual Dolan (Michael Cane) é assassinado e Klauder precisa unir esforços com o próximo Dolan (Elijah Wood) para desvendar uma rede de acontecimentos que ainda irá envolver a bruxa Chloe (Rose Leslie).

Deve ser difícil para um ator ficar preso a uma única franquia de sucesso. Embora a série Velozes e Furiosos tenha começado capenga em 2001, é inegável que a cada novo longa a qualidade apresentada melhora, fazendo uma legião de fãs que engorda os cofres do estúdio Universal. Vin Diesel ao lado do saudoso Paul Walker construíram uma franquia de respeito em Hollywood, chamando a atenção de atores cada vez mais renomados para fazerem personagens relevantes nos filmes. O problema começa quando Vin Diesel acha que apenas o nome dele no cartaz de um filme é o suficiente para atrair o mesmo público que os longas da série de carros tunados atrai. Não é o caso e a história demonstra isso, sendo que Vin Diesel protagonizou longas que não chegam perto do sucesso de público e crítica que os filmes da série Velozes e Furiosos atingiram. E por mais simpatia e boa vontade que o público tenha com o ator americano, não dá para desculpar e fingir que não vê filmes sofríveis como este O Último Caçador de Bruxas.

O diretor americano Breck Eisner é praticamente um desconhecido em Hollywood, sendo que seu único filme relevante foi Sahara (2005) com Matthew McConaughey, na época em que o ator estava determinado a afundar de vez sua carreira com filmes ruins e comédias românticas descartáveis, o que mudou felizmente com o tempo. O diretor americano não consegue imprimir sua personalidade neste O Último Caçador de Bruxas, realizando uma direção ruim e descartável, não acrescentando em nada na condução do filme e direção dos atores.

 

A primeira sequência do longa é promissora e possui um clima interessante, se passando na Idade Média em uma floresta coberta por neve e, posteriormente, na caverna da Rainha das Bruxas, um local com um design de produção bem feito. Mas de cara o espectador já fica com má vontade assim que Vin Diesel aparece com cabelo e barba. Vin Diesel está estabelecido em Hollywood como careca, em praticamente todos os seus filmes ele aparece deste jeito, não facilitando a rápida identificação do espectador com o personagem apresentá-lo de outra maneira. Mesmo assim, a ideia de colocar na conta da bruxaria males como a Peste Negra é algo interessante, assim como outras ideias apresentadas no longa. O personagem Klauder ter sempre um Dolan treinado para acompanhá-lo é algo relevante para a trama, as pedras que controlam o clima também é uma ideia promissora, a prisão dos bruxos e o sentinela tem um design atrativo e a própria sociedade paralela dos bruxos trás um ar de Harry Potter. No entanto, nenhuma destas ideias é explorada de maneira significativa, frustrando o espectador que gostaria de ver e entender mais sobre aquele universo apresentado. Diversas perguntas ficam sem resposta, como o meio pelo qual Klauder se tornou rico durante os séculos e a real função da Ordem da Cruz e da Espada além de ficarem sentados debatendo. A trama principal do filme é preguiçosa e formulaica, ao ponto do espectador desligar o cérebro e ficar apenas assistindo a sucessão de sequências de ação sendo mostradas. É uma trama com potencial, por estar inserida em um universo próprio, mas que não o utiliza em proveito próprio.

Tecnicamente o filme é eficiente, nada além disso. Os efeitos especiais são apenas razoáveis e é visível a limitação orçamentária do longa ao não utilizá-los em excesso. Tirando a já citada sequência inicial e a sequência na prisão dos bruxos, nenhuma outra chama a atenção por ser visualmente impactante. A trilha sonora é esquecível e os figurinos não se sobressaem. Algumas sequências de luta são mal desenhadas, como aquela envolvendo o sentinela da prisão dos bruxos. Outras já são mais interessantes, como as duas que envolvem a Rainha das Bruxas.

 

O elenco é enxuto e, em sua maioria, desperdiçado. Vin Diesel não sai do seu tom sisudo, falando devagar e baixo, mostrando apenas disposição para as cenas de ação, que no fundo é aquilo que ele sabe fazer melhor. Não possui carisma e nem peso dramático para carregar um filme sozinho e em nada ajuda ser um filme mal escrito como este e dirigido por um diretor quase amador como Breck Eisner. O sempre ótimo Michael Cane não decepciona, mas o seu personagem tem tão pouco tempo de tela que não é entendível como um filme consegue desperdiçar um ator como ele em um papel que não precisaria do seu peso como artista. Rose Leslie é uma atriz que mostrou potencial na série Game of Thrones, e está até bem como uma bruxa boa com poderes úteis para o protagonista, não chegando nem a surpreender e nem a comprometer. Elijah Wood começa o longa promissor, some no segundo ato e apresenta uma péssima interpretação no ato final, deixando uma péssima impressão no espectador.

Com uma reviravolta final que não convence ninguém, O Último Caçador de Bruxas apresenta um universo e conceitos interessantes, mas não consegue explorar nenhum de maneira positiva. Possivelmente não vai fazer uma boa bilheteria a ponto de ter uma continuação, o que é uma pena, porque seria interessante ver o que um universo como este apresentado poderia render em mãos mais habilidosas.

Nota: 5,0
TRAILER
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INFORMAÇÕES

NOTA: 5,0
Titulo Original: The Last Witch Hunter
Titulo Nacional: O Último Caçador de Bruxas
Direção: Breck Eisner 
Duração: 106 Minutos 
Ano de Lançamento: 2015
Lançamento nos EUA: 23/10/2015 

Lançamento no Brasil: 29/10/2015

 
Elenco: Vin Diesel, Michael Cane, Rose Leslie e Elijah Wood.

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Derek Moraes

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