A Loucura de um Deus
“Os Julgamentos de Loki” de Roberto Aguirre-Sacasa
Sinopse: o Deus da Trapaça vai de encontro com as Bruxas Nornes para saber de seu destino. Loki se sente afastado e distante ao redor dos deuses de Asgard, diminuído perto de seus irmãos Thor e Balder. Eis que surge um rugir do destino em seu consciente, o rugir de que o caos e medo teriam à sua imagem e que o amor e respeito de seus familiares não eram dignos do PODEROSO LOKI. Para isso, deu-se o primeiro passo: Assassinar Balder.
Ser mau nunca foi tão bom. A cultura pop se rebelou e mostra seu lado mais perverso quando os vilões ganham cada vez mais destaque neste meio. Tudo isso dando créditos para as superproduções cinematográficas baseadas em quadrinhos nos últimos anos. Podemos contemplar o Coringa de Heath Ledger, o Duende Verde de Williem Dafoe e, criando uma base de fãs no mundo todo, o Loki de Tom Hiddleston. Este lunático e carismático vilão pertencente ao universo Marvel não teria tanto peso sem uma brilhante caracterização de Hiddleston.
Como um amante de histórias em quadrinhos desde minha alfabetização, buscar novas aventuras e suspenses que essa mídia pode proporcionar fazia parte do meu dia-a-dia, com um carinho especial pela Marvel, com Homem-Aranha, Hulk, X-men… mas Thor?!
Confesso: Thor nunca foi um dos meus favoritos. A base crua e tangível que a Marvel sempre soube trabalhar com proeza em seus personagens ficava distante quando se trata de um Deus do Trovão. Lógico, a estrutura de cada elemento em volta deste quadrinho é sustentada por séculos de mitologia nórdica e devo até parabenizar por nosso querido Stan Lee por amarrar tão bem um universo fantástico a outro universo fantástico.
Querendo fugir da minha “zona de conforto”, resolvi me arriscar nesse mundo sem me segurar em nada. Fui na livraria mais próxima e vi uma capa com nada mais nada menos que Loki erguendo Mjölnir fazendo uma cara sádica intitulada “Os Julgamentos de Loki”. Sério, dizem que um boa HQ começa pela capa. Essa personifica bem essa frase (sem formalidades, QUE CAPA FO$%#&!). A obra de Roberto Aguirre-Sacasa com desenhos de Sebastián Fiumara e Al Barrionuevo dividida em quatro minisséries ganhou seu volume único pela Panini Books, encadernado em capa dura. Antes de começar a falar do quadrinho em si, devo pontuar que Aguirre se intitula mais como dramaturgo do que um tradicional autor de quadrinhos. Isso fica claro ao longo da HQ e devo dizer que a atmosfera proposta pelo tema mitológico de Thor combinou perfeitamente com este tipo de linguagem, mas o limita a trabalhar novos horizontes neste tipo de indústria.
Falando da estrutura, Aguirre sabia em que águas caminhava. Embora se tratasse de uma HQ, ele consolida o lado da mitologia nórdica de forma inteligente que foge (e muito) de um tradicional quadrinho de super-heróis. Eu diria que foi feito pensado mais para os amantes da cultura nórdica que de HQ de fato. Toda a linguagem e elementos utilizados fazem parte da composição completa deste universo milenar repleto de lendas e mitos. Contribuiu bastante para deixar o mais natural possível a leitura e reiterar todo o drama relacionado a Loki.
Na contracapa tem uma passagem dizendo o seguinte: “Loki é mal por escolha… ou destino?” E assim segue toda a narrativa. Diferente daquele Loki dos cinemas, aqui vimos uma versão um pouco menos esnobe e muito mais sádica. A arte é uma peça fundamental para essa percepção, com closes e ranhuras pontuais ao redor do nosso vilão. Ela destaca bem a inveja e ódio que são suas motivações. A página 76 representa todo este cuidado na escolha de cores e traçados para personificar estes sentimentos.
O título vai se clareando conforme se desenvolve a leitura como uma referência ao “julgamento” proposto por Loki de sua família, tentando colocar ali uma justificativa pelos seus atos, só que um olhar mais profundo pode denotar o título ao próprio leitor. Mal por escolha ou destino, cabe a você decidir.
Os Julgamentos de Loki se torna uma leitura obrigatória aos amantes do vilão e, mais que quadrinhos, aos amantes de mitologia nórdica. A narrativa é sutil e se mantém fiel em sua proposta até o final, sem perder o foco. Loki sustenta toda história sem torná-la cansativa e monótona. Ele vai te convencendo de que merece um lugar de direito entre um dos maiores vilões de quadrinhos de todos os tempos. O final desta trama mostra que para o bem ou para o mal, quando se tem uma convicção forte perante as rédeas do “destino”, não há limites para a loucura ao concretizar seus atos. O resto do mundo irá julgá-los.
Gênero: Ação/ Fantasia
Autor: Roberto Aguirre-Sacasa
Editora: Panini Comics
Edições: Única
Publicação Original: 2011
Link: Indisponível
Editora: Panini Comics
Edições: Única
Publicação Original: 2011
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