Recomendo – Black Mirror

Black Mirror consegue usar a ficção científica como plano de fundo para criar uma série com episódios independentes que fazem críticas à sociedade atual e nossa dependência de tecnologia...2 min


Black Mirror é uma série criada pelo gênio Charlie Brooker que apresenta episódios independentes, ou seja, cada um relata uma história diferente. Ela adota uma visão sobre a influência das novas tecnologias na vida moderna, criticando com histórias sobre sensações tecno-paranoicas e traçando o perfil da sociedade formada pelas mídias, sociais ou não. Podendo ser resumida como uma série que apresenta críticas à sociedade atual e que alerta sobre como ela pode piorar a cada dia, se continuar nesse ritmo.

Cada gênero literário e, consequentemente, do cinema tem além de suas características próprias seus objetivos para com o público, uma vez que contar uma história, seja ela qual for, é passar uma mensagem. Desde de os primórdios da ficção científica, como o “Monstro de Frankenstein”, de Mary Shelley, por exemplo, este gênero esteve preocupado em falar além da ciência, usá-la como plano de fundo, metáfora e alegoria, para falar sobre a sociedade e a  condição humana. É exemplo, também, o grande Isaac Asimov, usando a “inteligencia artificial” para falar de existencialismo. Na atualidade as reflexões sobre a sociedade de hoje, tão conectada e dependente da tecnologia, se tornam um prato cheio para a serie Black Mirror que, em cada episódio antológico que mais parece um conto dos grande gênios do Sci-fi, mostra não só ótimas e surpreendentes tramas, como críticas abundantes sobre o homem do século XXI, da Era Digital e dinâmicas sociais que se tornaram copiosamente mundiais. E tudo isso num formato de híbrido entre “The Twilight Zone” e “Tales of the Unexpected”!

Black Mirror tem esse nome pois, como disse o próprio Charlie Brooker, o Espelho Negro do título é aquele que você irá encontrar em cada parede, em cada mesa, na palma de cada mão: a fria e brilhante tela de uma TV, monitor e smartphone. Na minha opinião, o nome também é porque tudo o que vemos nesse telas são reflexos da nossa sociedade atual, além de desejos e atitudes que escondemos, só revelando nesses espelhos negros. O quesito técnico da série é muito bom. Há momentos que você esquece que é uma série e acha que é um filme, tamanha é  a qualidade e extensão do elenco, os diversificados cenários e os efeitos especiais que  são usados com sabedoria e com cuidado que lembra muito o recente filme “Ex-Machina”, ganhador do Oscar 2015 nessa área. Como é uma série antológica, a cada história temos um tema novo e um nível tecnológico próprio. Não seria exagero dizer que na questão roteiro, se cada episódio fosse um filme, estes seriam com certeza ganhadores de muitas premiações, afinal a nota da série no IMDB é 8,8.

De coração, pessoalmente fazia tempo que não assistia uma verdadeira ficção científica boa mesmo (acho que desde Ex-Machina e antes não sei). É uma série tão única, que acho que existem poucas que, do mesmo gênero, tem tamanha qualidade. Uma menção especial ao episódio “Fifteen Million Merits”, o segundo episódio da primeira temporada, que um apenas uma trama de 60 minutos faz uma profunda crítica à indústria cultural e ao modo que ela é sustentada, como ela aliena as pessoas, consumismo e ideais distorcidos. É uma verdadeira aula de filosofia falando, inclusive, além de outros vastos temas, de como a industria cultural consegue transformar em seu produto até discurso e pessoas que a criticam, ou seja, basicamente uma crítica a vários canais de YouTube.


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Ton Borges

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