Crítica – Gotham: 2ª Temporada

 [SEM SPOILER]

As maiores reclamações dos fãs sobre a primeira temporada de Gotham foi sobre o roteiro fraco e o modo como ele foi executado. Ben Mackienzie em uma entrevista disse que a segunda temporada de da série seria totalmente diferente e tanto os fãs dos quadrinhos quanto os fãs da série iriam adorar… e não é que ele falou sério.

[A segunda temporada é dividia em duas partes.]

A primeira parte se chama Rise of The Villans que tem como arco principal o Detetive Gordon tendo que lidar com acontecimentos orquestrados por Theo Galavan e sua irmã Tabitha como parte de um plano para tomar Gotham, o que não deixa o Pinguim satisfeito, colocando-os em rota de colisão. E secretamente, Galavan planeja se vingar da família Wayne.

A segunda parte foi a Wrath of The Villans, onde Gordon tem que lidar com os acontecimentos após o embate com Galavan enquanto secretamente o Prof. Hugo Strange e sua assistente Ethel Peabody conduzem experimentos bizarros no Asilo Arkham.

Assistindo a segunda temporada de Gotham, mais na segunda parte, eu me senti lendo Gotham Central (no Brasil DPGC: Gotham), que é uma HQ que segue os policiais comuns que trabalham na cidade e que também precisam lidar com supervilões. O roteiro da segunda temporada está absurdamente mais fluido, principalmente a primeira parte, que está de parabéns. A apresentação dos novos personagens é feita com calma e sem forçar muito.

A principal falha nesta segunda temporada é que personagens carismáticos e muito bons foram deixados de lado durante a primeira parte. Bullock e Cat, que são extremamente carismáticos e bem desenvolvidos, só possuem relevância na segunda parte da temporada.

Pelo menos eles souberam trabalhar Bruce e como foi um alivio assistir e já perceber os traços de quem ele vai se tornar, desde o modo de agir até mesmo com sua obsessão. Sean Pertwee está excelente como Alfred, sendo que o ator já vinha bem desde a primeira temporada, mas este Alfred não é só um mordomo. Ele está ali para ser conselheiro, amigo, treinador, cúmplice e família deste jovem Bruce. James Frain deu vida a um vilão com classe e requinte, mas que se precisar sujar as próprias mãos não vê problema nenhum nisso. Morena Bacarin nos conquista de vez como a Dra. Leslie Thompkins. Sua atuação está na medida correta e é impossível não se afeiçoar a ela.

Já na segunda parte  B.D. Wong beira o caricato com sua interpretação de Hugo Strange, mas nada que comprometa. O tom de voz que ele usa é um dos pontos altos de sua interpretação. Cory Michael Smith já peca quando fica de overacting. Nos momentos mais contidos é quando ele se sai absurdamente melhor, mas ele consegue passar perfeitamente bem o surto que o nosso futuro Charada tem quando é passado para trás.

Ben Mackenzie continua com uma interpretação sensacional do Gordon, mas dessa vez até o pelo o que o próprio nome diz, ele vai entrar em contato com o seu lado vilão. O arco do Pingüim só aumentou ainda mais o caminhão de elogios que Robin Taylor vinha recebendo desde a primeira temporada. Tudo pelo o que ele passa na temporada e a atuação só enriqueceram o personagem.

A segunda temporada foi infinitamente melhor que a primeira. A primeira você assiste pelo carinho desenvolvido pelos personagens. Já a segunda você assiste pela história e pelos personagens. Um caminho perigoso é o excesso de utilização dos vilões do Batman 100% formados. Uma coisa é utilizar o Dr. Victor Fries fazendo de tudo para salvar sua esposa, outra é ele aparecer como Mr. Freeze com direito a traje de contenção e tudo. Vamos maneirar. A primeira parte foi sensacional sem forçar tanto a barra, porque o que está dando a entender é que ao invés da presença do Batman trazer vilões para a cidade, os vilões da cidade vão criar o Batman. A participação do Azrael pra mim teve um tom de teste e eu acho que uma passagem de tempo está sendo planejada. Batman pode estar mais próximo de Gotham. Acho que no máximo em duas temporadas a série terá o tom de  Gotham Central.

NOTA: 8,5