Com um desfecho que dá a entender que o arco de Po se encerrou, Kung Fu Panda 3 consegue com que uma franquia que começou promissora atinja todo o seu potencial artístico, entregando ao espectador uma ótima diversão que emociona, que diverte e que possui uma profundidade narrativa que enriquece e que marca quem assiste.
CRÍTICA SEM SPOILERS
Sinopse: Enquanto precisa lutar contra o adversário vindo do mundo dos espíritos Kai (J.K. Simmons), Po (Jack Black) descobre que não é o último urso panda vivo através da chegada de seu pai Li Shan (Bryan Cranston) ao Vale. Para evitar que Kai continue roubando os espíritos de mais mestres do Kung Fu, Po irá contar com a ajuda de seus amigos Tigresa (Angelina Jolie), Serpente (Lucy Liu), Macaco (Jackie Chan), Garça (David Cross) e Louva-Deus (Seth Rogen).
A DreamWorks Animation é o segundo estúdio de animação mais importante em Hollywood, só perdendo em termos de qualidade narrativa e técnica, além de arrecadação, para a onipresente Pixar. A verdade é que este é um panorama geral. Se analisarmos individualmente cada filme de cada estúdio veremos que a DreamWorks possui alguns longas melhores que o estúdio pertencente à Disney. Enquanto a Pixar possui em seu acervo títulos razoáveis como Carros (2005) a DreamWorks possui filmes excelentes como Como Treinar o Seu Dragão (2010) e Como Treinar o Seu Dragão 2 (2014). Com certeza a Pixar foi inspiração para a DreamWorks, já que é notável um refinamento do roteiro dos longas deste último com o passar dos anos. Embora a veia cômica dos longas da DreamWorks seja muito mais ressaltada se comparada com a sua concorrente, percebe-se a inserção de um coração nas suas animações mais recentes que não existia anteriormente. Sempre focado nas sequências de ação e nas piadas físicas ou referenciais, longas como aqueles da franquia Como Treinar o Seu Dragão e Kung Fu Panda têm um algo a mais que os coloca acima da média da qualidade geral das animações lançadas, e alguns deles até em pé de igualdade com a quase sempre excelente Pixar.
Novamente o longa falha ao não dar espaço para o desenvolvimento dos personagens coadjuvantes, como os Cinco Furiosos ou mesmo o Mestre Shifu, frustrando o espectador que gostaria de conhecer mais sobre aqueles personagens que, na superfície, são tão interessantes. Há alguns furos no roteiro que incomodam por facilitar situações que poderiam ser um pouco mais complexas para os personagens. Como Tigresa consegue chegar à Vila dos Pandas sozinha, sendo que o local é secreto? Por que Kai demora tanto para chegar ao local sendo que Tigresa chega tão rápido? Todo o arco envolvendo a relação dos pandas com o Chi é resolvido muito abruptamente, com uma troca de dois ou três diálogos, ignorando uma oportunidade interessante para desenvolver os pandas e seu passado. Os outros mestres do Kung Fu entram em cena e saem dela tão rapidamente, que o espectador não consegue nem ao menos saber qual animal o personagem está representando.
A direção de arte do longa é belíssima, criando ambientes visualmente riquíssimos como o Palácio de Jade e o mundo espiritual. O filme todo é muito colorido e muito cheio de detalhes, captando de maneira mais intensa a atenção do espectador. A animação é fluída e bem realizada com detalhes que apenas engrandecem o trabalho da DreamWorks como fazer os pêlos de Li Shan mesclando a coloração preta mais desbotada e alguns até mesmo grisalhos, mostrando a idade avançada do panda. A trilha sonora segue a mesma linha apresentada nos longas anteriores da série, com algumas faixas mais na linha da cultura chinesa, enquanto outras evidenciam e pontuam a ação do longa. A montagem é frenética, sempre ligando uma sequência de ação na outra, garantindo assim o foco total do espectador.
O grande charme dos filmes da franquia Kung Fu Panda são as sequências de luta, em que os mais diversos estilos de Kung Fu são utilizados pelos animais que os representam. As sequências são milimetricamente desenhadas, entregando lutas espetacularmente bonitas e agradáveis de acompanhar. O terceiro ato, em particular, é de uma energia e de um espírito que poucas animações possuem, sendo acompanhado de uma trilha sonora certeira, gerando momentos emocionantes e empolgantes, já entrando na lista dos melhores terceiros atos dos longas de animação da história.
Com um desfecho que dá a entender que o arco de Po se encerrou, Kung Fu Panda 3 consegue com que uma franquia que começou promissora atinja todo o seu potencial artístico, entregando ao espectador uma ótima diversão que emociona, que diverte e que possui uma profundidade narrativa que enriquece e que marca quem assiste.
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