Recomendo – Ajin

Ajin não é a obra de mais destaque desta nova geração de mangás em terras brasileiras, mas sem sombra de dúvidas seu caráter de surpreender o leitor faz você entrar num caminho sem volta e querer saber aonde isso vai parar.3 min


Mangás no Brasil são uma linda história de amor antiga e atualmente vive o auge desse romance. Tanto a JBC quanto a Panini Mangá vêm atuando de maneira forte neste nicho, se apoiando tanto em relançamentos de clássicos em lindas edições (como Fullmetal Alchemist, Slun Dunk e Vagabond) quanto de novas promessas inéditas no Brasil (Boku no Hero Academia, One Punch Man e Akame Ga Kill!). Dessa leva veio uma obra meio tímida e menos chamativa que as demais, mas que consegue empolgar e entreter relacionando a velha e boa narrativa dos mangás clássicos com a criatividade dos mangás mais novos. Senhoras e senhores, apresento-lhes Ajin, uma série escrita e ilustrada por Gamon Sakurai, começando em 2012 e ainda não finalizado, sendo cinco volumes já publicados no Brasil pela Panini Mangá.

Enredo

A história é sobre um estudante chamado Kei Nagai que descobre ser um “Ajin”, uma pessoa que tem a capacidade de “voltar da morte”, quando é atingido por um caminhão. Ele se torna uma pessoa procurada pelo governo afim de transformá-lo em cobaia, sendo que sua única opção é confiar em seu melhor amigo Kaito.

Por que vale a pena?

É bem complicado dizer exatamente o que realmente faz Ajin ser sedutor. Tem personagens interessantes, conflitos bem amarrados, um ritmo confortável de se ler, sem falar da excelente arte, que consegue expressar os momentos de tensão e dinâmica de forma limpa e clara. Mas isso tudo tem em várias obras por aí, deixando de ser um fator diferencial nessa vasta indústria de mangás.

Depois de quebrar muito a cabeça e tentar entender porque Ajin me empolga de maneira peculiar, eis que observo o ponto que o coloca como um mangá de excelência: surpresa.

Quando você lê obras como Dragon Ball, Naruto ou Death Note, verá que o fator surpresa se esgota cada vez que você se aprofunda na história pois você começa a perceber os códigos e nuances do autor, onde ele estabelece uma regra narrativa que compõe a estrutura da obra, onde o fluxo começa a se repetir. Sempre tem um inimigo mais forte para ser derrotado ou um plano por trás do plano que tem mais um plano…

Ajin não cai neste mesmo marasmo e repetição de recursos. Logo no início do mangá o autor já estabelece as regras do jogo e o leitor descobre como utilizar essas regras à medida que nosso protagonista se afunda mais ainda no inferno que é obrigado a passar por ser um imortal.

Uma técnica narrativa bastante usada para se criar a sensação de que “a parada é muito maior que você imagina” e utilizada em Ajin é elevar o nível de tensão das circunstancias no qual o protagonista sofre e como os personagens daquele cenário contribuem para aumentar o ar de mistério da série.

Um dos melhores personagens e meu favorito é Sato, um Ajin que serve para trazer questões filosóficas dentro da obra e salientar de maneira mais clara o que são os “Ajins” de fato. Porém, a maneira que ele é construído dentro do enredo o faz ter um aspecto de que “sempre está escondendo algo”, se tornando o personagem com maior fator surpresa da série.

Ajin não é a obra de mais destaque desta nova geração de mangás em terras brasileiras, mas sem sombra de dúvidas seu caráter de surpreender o leitor faz você entrar num caminho sem volta e querer saber aonde isso vai parar.

INFORMAÇÕES
Título: Ajin
Gênero: Ação/Aventura/ Horror/ Mistério
Editora: Panini Mangá (no Brasil)
Autor: Gamon Sakurai


Lucas Frazão