Recomendo – The Reflection

The Reflection é sem sombra de dúvidas um ponto fora da curva dentro da indústria de animes, tanto estética quanto narrativamente. Eu espero que ele seja um “banho de água fria” no mercado e que outros estúdios possam ficar mais atentos não só ao que está rolando no Japão, como também fora dele.3 min


Como diria nosso Wolwerine: o mundo não é mais o mesmo. Na verdade, isso pode e deve ser encarado de maneira positiva, principalmente quando se aborda animes. O que estamos vendo é a globalização cultural tomando forma através de produções animadas que espelham tanto a cultura oriental quanto a ocidental.

De exemplos recentes temos Boku no Hero Academia, utilizando uma temática de super-heróis referentes às comics americanas sem perder a essência da narrativa dos quadrinhos japoneses (mangás).

Mas qual o limite deste choque cultural, principalmente dentro desta indústria do entretenimento nerd que tanto amamos? Chegou a hora de você conhecer The Reflection, um anime onde temos Stan Lee (isso mesmo, aquele Stan Lee) como co-criador e dirigido por Hiroshi Nagahama (Mushishi, Detroit Metal City). Foi produzido por uma parceria entre a Studio DEEN (Eat-man, Samurai X, Fate/Stay Night) e a POW! Entertainment, onde nosso Stan também é um dos fundadores, sendo lançado em julho de 2017 e ainda no ar na data que este Recomendo foi postado.

Sinopse: Três anos atrás, um evento que ficou conhecido como Reflection aconteceu ao redor do globo. Algumas pessoas atingidas por este fenômeno despertaram incríveis habilidades, sendo chamados de “refletidos”. Algumas pessoas decidiram usar seus poderes para o bem, mas já outras… A trama gira em torno de personagens que tentam descobrir o que está por trás do Reflection e como impedir o mundo mergulhar no caos.

Para começar: se você é uma pessoa acostumada a assistir animes, a primeira coisa que com certeza chamará sua atenção é a estética da animação. A produção evidentemente queria emular a estética utilizada em comics americanas, reforçando a ideia que a história se passa em território americano.

Toda as características que estão presentes nas séries animadas japonesas são deixadas de lado, com o intuito de que o telespectador tenha a sensação de estar virando uma página de um quadrinho de super-herói que acabou de comprar na banca. Pode parecer estranho no início, mas eu diria que faz parte do charme e da originalidade da obra.

O segundo aspecto que tem uma qualidade inegável é o roteiro. Claro, quando se trata de Stan Lee não podemos esperar algo leviano. A narrativa apresenta um ritmo e dinâmica que reflete todos os anos de experiencia que nosso deus dos quadrinhos tem nas costas. Apresenta momentos que lembram a Era de Prata, quando Stan trabalhava ao lado do outro deus, Jack Kirby. Em outras cenas, remete a uma narrativa mais fria e adulta, paralela aos quadrinhos mais modernos. The Reflection consegue ter sua própria identidade e ao mesmo tempo ser uma espécie de homenagem a tudo que as comics de super-herói nos presenteou ao longo das décadas.

Outro aspecto distinto e eficiente na obra são seus personagens. A história é dividia em duas perspectivas. Uma protagonizada por Ian Izette, com o alter ego de I-Guy. Suas motivações levadas por frustrações pessoais e busca pela fama eterna o torna um dos personagens mais densos e interessantes da obra, colocando em foco o significado de ser um herói. Afinal, um “herói” só carrega este título por conta do clamor da mídia ou busca fazer o que for necessário, mesmo que no anonimato? Aí que entra o outro lado da história, protagonizado pelo herói X-On e a jornalista, e meio que “sidekick”, Eleanor Evans.

X-On é um dos personagens mais interessantes e misteriosos da série. A atmosfera que o rodeia quando está em cena levanta muitos questionamentos sobre suas verdadeiras intenções. Chamá-lo de “herói” é até um pouco precipitado e essa dúvida se fortalece a cada episódio. Com certeza Stan Lee nos preparou uma surpresa que conecta este personagem a todas as circunstâncias apresentadas em The Reflection.

Eleanor tem a função de ser um contraponto em relação ao X-On. A dinâmica entre esses dois personagens é sempre uma iniciativa a partir de seu instinto de saber o que está ocorrendo. Seu conflito interno de querer usar seu poder para ajudar pessoas dá o toque carismático que te prende logo de cara. E também o mistério que envolve ela e uma possível conexão com o plano do grande vilão é a cereja do bolo que a torna interessante.

The Reflection é sem sombra de dúvidas um ponto fora da curva dentro da indústria de animes, tanto estética quanto narrativamente. Eu espero que ele seja um “banho de água fria” no mercado e que outros estúdios possam ficar mais atentos não só ao que está rolando no Japão, como também fora dele.

INFORMAÇÕES
Título: The Reflection (The Reflection)
Temporada: Primeira
Episódios: 12
Duração: 22 Minutos
Gênero: Ação/Ficção Científica


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