Crítica- Digimon Adventure Tri: Parte Dois – Determinação

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Quatro meses depois do lançamento da primeira parte de Digimon Tri chamada de Reunião, a Toei Animation libera mais quatro episódios da segunda parte, denominada Determinação. E esta longa espera ainda será maior para a terceira parte, Confissão, que só sairá dia 24 de setembro. Estas longas pausas entre o lançamento das partes de Digimon Tri é o primeiro erro da Toei Animation. Nos dias de hoje, com uma profusão de conteúdos diversos na internet e o fácil acesso aos mesmos, um material rapidamente é esquecido e substituído por um novo. É essencial para qualquer conteúdo se manter relevante por um período suficiente para que mais material deste mesmo conteúdo seja lançado. E, convenhamos, esperas de quatro ou seis meses são longas demais, tempo em que Digimon Tri cai no esquecimento até que os novos episódios elevem novamente o hype. Essa mesma falta de pressa que controla os movimentos da Toei Animation parece estar presente na história de Digimon Tri, que segue em um ritmo lento que não empolga.

Tanto a primeira temporada quanto a segunda temporada de Digimon, que são as únicas consideradas como canônicas para este Digimon Tri, tinham como característica principal a sua narrativa frenética, suas constantes mudanças de cenários e muita coisa acontecendo que impulsionavam a história para frente. Nesta nova temporada tudo é muito devagar. O senso de urgência é nulo. Em quatro episódios há espaço para um episódio inteiro ser dedicado a uma reunião em uma casa de banho japonesa e outro episódio para a organização de uma festa cultural japonesa. O balanço geral desta segunda parte são apenas três digievoluções, sendo que duas são no final do quarto episódio. Tudo é muito arrastado, sendo que a dinâmica dos Digimons no Japão já foi explorada na terceira fase da primeira temporada. Os monstros digitais passam a maior parte do tempo comendo, não agregando à narrativa. A vida dos digiescolhidos é explorada apenas no âmbito da escola, o que acaba lembrando mais uma série americana que um anime. A relação dos digiescolhidos com a família, tão bem explorada e relevante na primeira temporada, desaparece em Digimon Tri.
 

Finalmente o vilão desta nova temporada é revelado. E para nossa surpresa é novamente o Imperador Digimon. Não fica claro se quem está dentro das vestes é, mais uma vez, Ken Ichijouji, embora o vilão seja chamado por todos por este nome. Primeiro que o personagem não diz uma palavra nestes quatro novos episódios. E, segundo, que Ken foi visto sendo derrotado ou morto no começo do primeiro episódio da primeira parte de Digimon Tri, juntamente com seus amigos de Digimon Adventure 02. Reaproveitar um vilão é algo que me incomoda, já que mostra falta de criatividade dos roteiristas e uma súbita mudança de personalidade de Ken que, aparentemente, não se justifica. Se realmente for Ken, a sua mudança de lado precisa ser bem embasada para não soar forçada. Caso seja outro personagem qualquer que decidiu ser o novo Imperador Digimon, para seguir os passos do antigo, seria mais interessante e até mais desafiador. 

O lançamento desta nova temporada no formato de partes ao menos, em um primeiro momento, serve para focar determinados personagens de cada vez. Se na primeira parte o foco era o grupo tentando se reunir novamente, em Determinação o foco são Mimi e Joe. Enquanto Mimi, que possui uma cultura e uma educação totalmente voltada para os Estados Unidos onde estudava anteriormente, precisa enfrentar um choque de realidade no Japão, Joe precisa decidir se é possível ser adulto e digiescolhido ao mesmo tempo. Este foco acaba prejudicando outros personagens que praticamente fazem figuração nesta segunda parte, como Matt e Sora, mas funciona ao permitir o nosso conhecimento maior sobre os personagens em destaque. Joe tem o arco mais interesse. Em um primeiro momento o espectador acha o personagem um covarde por não ajudar seus amigos. Mas com o passar dos episódios o drama do personagem fica mais evidente e percebemos que são dúvidas e questionamentos que todo jovem adulto possui. E a falta de confiança do personagem em si mesmo e no seu potencial é algo que contrasta com a sua principal característica, aquela que garantiu o seu Brasão da Confiança. A catarse dos episódios tem o foco principalmente em Joe e Mimi, onde seus Digimons finalmente atingem a Megaevolução, garantindo uma sequência de luta emocionalmente carregada, visualmente belíssima e bem desenhada. Só fico na dúvida o porquê das Megaevoluções  de PalmonGomamon partirem dos Digimons nas suas fases Perfeitas e não nas suas fases Novatas, como acontece com Agumon e Gabumon.

A nova digiescolhida, Meiko, é inserida no grupo, totalizando agora nove personagens. A sua característica principal, o seu brasão, ainda não foi relevado, assim como seu Digimon, Meicoomon, ainda não evoluiu. Tudo o que já foi mostrado até agora leva o espectador a acreditar que tanto Meiko quanto Meicoomon possuem uma importância alta nos novos acontecimentos da temporada, como as distorções (passagens entre o nosso mundo e o Digimundo) e os Digimons Infectados. Será interessante ver como todas as peças se encaixam no quebra-cabeça geral desta nova temporada. Como já está no cânone de Digimon, assim como Kari e Tailmon, todos os novos digiescolhidos e seus Digimons possuem uma relevância na história e são capazes de feitos ainda não realizados. 

Contando ainda com a aparição de Leomon, que faz figuração até o final do quarto episódio, e a eterna rivalidade entre Tai e Matt, sendo que o primeiro guarda algum segredo que deverá ser explorado mais adiante, Digimon Adventure Tri: Parte Dois – Determinação mostra que a história tem potencial, mas precisa de um ritmo mais com a cara de Digimon. Se continuar desperdiçando tempo com situações desnecessárias, não respondendo perguntas ainda sem respostas e não explorando o potencial que as diversas digievoluções possuem, Digimon Tri ficará conhecido apenas como uma temporada de Digimon que não fez jus às duas primeiras.

 

INFORMAÇÕES

Titulo: Digimon Adventure Tri: Parte Dois – Determinação

Gênero: Ação, Aventura e Ficção Científica

Criação: Akiyoshi Hongo 
Direção: Keitaro Motonaga
Duração: 25 Minutos 
Episódios: 4 (Quatro)

Elenco: Natsuki Hanae, Yoshimasa Hosoya, Suzuko Mimori, Matsumi Tamura, Hitomi Yoshida, Junya Ikeda, Junya Enoki e Mao Ichimichi.

Digimon Adventure Tri: Parte Um – Reunião

Derek Moraes